Reflexão Individual Cátia Teixeira 

 

Relativamente à UC…

            A Unidade Curricular de Sistemas de Formação, Trabalho e Justiça social (SFTJS) possibilitou o conhecimento aprofundado sobre temáticas novas que até então não tinham sido abordados nesta licenciatura. No que concerne às aprendizagens adquiridas durante as aulas de SFTJS, estas foram inúmeras, nomeadamente no que respeita à relação existente entre os conceitos chave centrais da UC, «Formação», «Trabalho» e «Justiça Social».

            De salientar que esta unidade curricular centrou-se em conceitos que no futuro, como nos encontramos no último ano, ser-nos muito úteis, pois ao longo das aulas foram abordadas questões relacionadas com o trabalho (visto que mais cedo ou mais tarde, essa tão aguardada entrada no mercado de trabalho irá acontecer).

            Relativamente ao modo de avaliação da UC foi um bocadinho diferente do que estávamos habituados – um portefólio de grupo de aprendizagens –, que constituiu, a meu ver, um modo eficaz de aprendizagem com os outros, bem como possibilitou e exigiu um trabalho continuado e contextualizado, permitindo assim reflectir individualmente, em grupo e em grupo-turma.

            De facto são trabalhos/modos de avaliação como estes que promovem o espírito de ajuda dentro do grupo, as aprendizagens com os outros, o respeito pelo outro e pelas suas opiniões/perspectivas e posições, como se denotou nos debates promovidos, pelos alunos e pelo docente, em sala de aula. O registo regular das reflexões também foi um aspecto positivo pois contribuiu para melhorar a organização temporal do estudo e dos encontros em grupo para reflexão, fazendo com que não fosse possível “deixar tudo para a última hora”.

  

Relativamente à Formação, Trabalho e Justiça Social

            Tendo em conta estes três conceitos, é importante salientar que inicialmente começamos por caracterizar cada um deles separadamente (numa primeira actividade), sem estabelecer qualquer ligação entre eles.

            Assim com o decorrer da apresentação dos conteúdos fomo-nos apercebendo dos laços e relações que estes estabelecem entre si, mesmo tendo em conta que não há uma definição ou conceito, mais ou menos correcto, para definir formação, trabalho ou justiça social.

            Na actividade de recolha das concepções individuais (a 1ª) surgiram imensas definições, pois somos seres portadores de histórico experiencial e é de facto às experiências que recorremos quando ainda não possuímos sustentação teórica para o fazer. Mesmo teoricamente os conceitos ao longo do tempo não foram estáticos, estes passaram por metamorfoses sociais que os definiram (ou “ainda” não!).

           Relativamente ao conceito de Formação este não sofreu alteração em relação ao mencionado no início da unidade curricular, contudo a única diferença é que foi um conceito pensado isoladamente. O conceito de Formação leva-se a considerar que a minha formação enquanto pessoa é resultado de várias experiências, sejam estas ao nível formal, informal ou não-formal. Nesse sentido considero que embora a educação/formação de base seja importante, a vida em sociedade comporta, também, valiosas aprendizagens ou até ainda mais do que as escolares, na medida em que como se adequam ao nosso quotidiano têm ainda mais significado para cada um.

           É certo que não nos podemos esquecer, por um lado, da importância da educação formal, ou seja da escola, nem do papel desta na sociedade actual, uma vez que a sociedade civil e política atravessa uma fase marcada pela crise a todos os níveis.

Por outro lado, as aprendizagens com a socialização primária também dizem muito de nós enquanto pessoas, contudo somos seres inacabados e como tal somos “produto” das relações comunicacionais e relacionais que estabelecemos, assim a nossa formação surge do modo como interpretamos esses sinais e essas relações. Somos assim seres inacabados em metamorfoses sociais constantes em tempo de crise.

            E neste sentido de crise que a formação aparece intrinsecamente relacionada com as questões do trabalho.

           Quanto ao meu conceito de Trabalho este foi aprofundado ao longo do semestre comparativamente ao mencionado no início do semestre. Referi-me como sendo um conceito experiencial maioritariamente escolar (para mim!), pois considerava que, como não possuía um histórico pessoal de experiência(s) de emprego suficiente, não podia opinar sobre o assunto. Contudo ao longo dos trabalhos que fomos desenvolvendo e dos testemunhos que recolhemos e analisamos cheguei à conclusão de que este conceito comporta muito mais do que pensada.

           Assim as questões do trabalho são marcadas não só pelo objectivo de recompensa como, por exemplo, o trabalho escolar e/ou académico, mas em termos profissionais como uma troca da força de trabalho por um vencimento ou salário.

           A relação entre Formação e Trabalho também engloba estas questões, no sentido em que podemos reflectir em termos de formação no trabalho e formação para o trabalho. Quanto à formação para o trabalho foi em tempos uma forma de inserção no mercado de trabalho que tinha como consequência directa, ocupar determinado posto de trabalho adequado à formação. Hoje em dia, esta relação já não se faz numa lógica de causa-efeito e em tempo de instabilidade a formação não é garante de nada em termos de emprego.

           Deste modo, a formação no trabalho surge como uma alternativa, possibilitando ao empregado aprofundar os seus conhecimentos e/ou desenvolver competências, no sentido de promover a eficácia e a competência para o desempenho das suas funções em determinado posto de trabalho. Esta é assim uma formação contextualizada e adequada, contudo surge-nos a questão: adequada a quem? Ao empregado ou à entidade empregadora? É por esta razão que a formação no trabalho deve ser uma formação pautada pela necessidade e interesse mútuo para ser significativa.

           O mesmo acontece com a Justiça Social, o emprego ou falta dele, acaba muitas vezes por desempenhar uma maior instabilidade deste conceito e/ou declínio da justiça. Entende-se assim como justiça social a plena igualdade de oportunidades de acesso e de sucesso na vida social, pessoal e escolar.

           Visto estes conceitos constituírem um trio de relações e, como já referi a relação formação/trabalho e trabalho/justiça social, é importante salientar a relação que fica a faltar, a de justiça social/formação.

           Neste sentido o que é importante referir é que a promoção de igualdades de acesso e de sucesso de todos, aos níveis de formação básica ou superior, constituem um aspecto de justiça social. Para uma sociedade justa e igualitária é necessário que as questões de formação se adequem ao contexto e aos agentes envolvidos, quer seja, quanto à formação escolar ou social. No caso da formação social, cabe às instâncias governativas criar e rentabilizar recursos que promovam essas aprendizagens. Quanto à formação escolar deve permitir abrir espaço à possibilidade de ser transformada de forma a dar resposta aos que a ela recorrem, ao invés das estâncias superiores através das pressões e tensões governativas nacionais ou internacionais exercidas, só assim fará realmente sentido e será significativo para todos.