ACTIVIDADE 3 – Inserção profissional: o trabalho na transição para a vida adulta 

            A finalidade desta temática era reflectir sobre o processo de transição dos jovens para a vida adulta marcado neste caso pela inserção profissional, pretendendo-se incidir sobre as dificuldades encontradas pela juventude nesta fase da sua vida.

            Assim, num primeiro momento procedemos à análise dos resultados do trabalho produzido pelos/as estudantes relativamente à actividade 1: “As minhas vivências, a formação, o trabalho e a justiça social”.

            Em relação ao campo da FORMAÇÃO, verificamos que a nossa turma (A) deu maior importância à dimensão da formação como fonte de experiências/aprendizagens/partilha, seguida das dimensões da formação para o desenvolvimento (perspectiva holística) e da formação como realização (pessoal/profissional). Não houve qualquer relevância dada às dimensões da formação como flexibilidade e adaptação à mudança e à formação como criação de oportunidades. De notar que, na turma B, a relevância dada às dimensões foi mais equilibrada do que na nossa turma, talvez por a 1ª ser maioritariamente constituída por trabalhadores-estudantes que já têm uma visão mais prática do mundo do trabalho. Em termos gerais, ambas as turmas deram maior protagonismo à formação como fonte de experiências/aprendizagens/partilha, à formação para o desenvolvimento e à formação como realização (pessoal/profissional). O grupo considera que tais dimensões são importantes, uma vez que a formação deve também acontecer ao longo da vida e, por isso, é uma fonte de experiências e aprendizagens, bem como uma forma de realização pessoal e profissional, dependendo das situações.

            Quanto ao campo do TRABALHO, a nossa turma focou mais o trabalho como fonte de rendimento, como condição à vida em sociedade e como direito vs. responsabilidade social, bem como, o trabalho como partilha de experiências e fonte de saberes e como gerador de oportunidades. A turma B focou também as dimensões do trabalho como emancipação/autonomia e como estatuto social. De referir, que esta última dimensão não foi mencionada pela turma A.

            Em síntese, a FORMAÇÃO é induzida pelo trabalho, é fonte de experiências, aprendizagens e partilha; é eminentemente académica, podendo ser geradora de oportunidades e podendo ajudar na adaptação à mudança. Por sua vez, o TRABALHO é visto como fonte de rendimento, como condição à vida em sociedade, como partilha de experiências e fonte de saberes, gerador de oportunidades e como aplicação de saberes escolares.

            Num segundo momento foi-nos proposto analisar o texto «Factores de bloqueio à entrada dos jovens no mercado de trabalho» e escolher os três factores que o grupo entendesse como mais relevantes, na actualidade, para o processo de inserção dos/as jovens no mercado de trabalho. O grupo entendeu que os seguintes factores – Desfasamento entre o sistema de ensino e o sistema profissional; Flexibilização e precarização do mercado de emprego; A discriminação de certas culturas juvenis – eram os mais relevantes no actual processo de inserção no mercado de trabalho. Colocámos estes factores segundo uma ordem, ou seja, do mais ao menos influente na inserção dos/as jovens no mercado de trabalho.

            Inicialmente, demos ênfase ao “desfasamento entre o sistema de ensino e o sistema profissional”, pois consideramos que o sistema de ensino continua dominado por uma lógica rígida e académica, onde a principal função é a preparação dos/as jovens para o mundo do trabalho, sem no entanto o fazer. Contudo, consideramos que o investimento que tem vindo a ser feito no ensino tecnológico e profissional amenizou esta distância entre os sistemas de ensino e profissional, mas estas ofertas continuam ligadas a lógicas eruditas e tradicionais, reduzindo, assim, a sua vertente prática e profissionalizante. Além do mais, estas ofertas abarcam apenas uma minoria dos/as jovens e são consideradas, muitas das vezes, como vias secundárias para aqueles que não conseguem concluir o ensino pela via académica “normal”. Todavia, este distanciamento entre sistema de ensino e profissional não se deve apenas ao sistema de ensino, mas também ao profissional, uma vez que muitos/as empresários/as têm níveis de escolaridade baixa e uma relação de desconhecimento face ao sistema de ensino, o que leva a uma dificuldade de assimilação de profissionais qualificados.

            Em segundo lugar colocámos a “flexibilização e precarização do mercado de emprego”, uma vez que o mundo do trabalho é atravessado por profundas transformações e, como tal, é um «(…) mundo de oportunidade, de desafios, escolhas e potencialidades; mas também de riscos, incertezas e dificuldades» (AAVV, 2006:19). Os/as jovens que procuram o primeiro emprego são os/as que mais têm a necessidade de aceitar contratos, por exemplo, a recibos verdes ou trabalho temporário, o que implica uma maior insegurança laboral. Assim, a flexibilização torna-se um processo de insegurança, sobrecarga de trabalho, mobilidade forçada entre empregos e desemprego, em vez de possibilitar um campo de oportunidades.

            Por fim, optámos pela “discriminação de certas culturas juvenis”, porque pensámos que esta é uma questão que tem influência na entidade empregadora no momento de escolher os/as seus/suas trabalhadores/as. Esta questão da discriminação é visível, principalmente, em contextos de primeiro contacto com o mercado de trabalho, pois as entidades empregadoras sentem uma certa desconfiança em relação a estes/as jovens e também a recém-licenciados/as por não terem experiência. Esta desconfiança pode revelar-se pela descriminação relativamente ao estilo de vida, forma de vestir ou linguagem que utilizam; pela descriminação sexual, pois muitas vezes as mulheres são colocadas à margem por as entidades empregadoras considerarem que determinados empregos se destinam a homens e não a mulheres; ou ainda pela discriminação de minorias étnicas, pois muitos jovens podem ser rejeitados por terem uma cultura diferente da dominante.

 

 Referência Bibliográfica:
 AAVV (2006) Os Jovens e o Mercado de Trabalho. Caracterização, estrangulamentos à integração efectiva na vida activa e a eficácia das políticas, Colecção Cogitum nº 18, DGEEP, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

 

            

CURSOS TÉCNICOS OU CURSOS SUPERIORES?

 Muito embora este vídeo se reporte à realidade brasileira, esta é uma realidade não só do Brasil, mas que abrange praticamente todo o mundo.

 

Nota: Este vídeo foi retirado do site youtube não sendo por isso da nossa autoria.