Actividade 4 - Qualificações e competências: a formação na transição para a vida adulta 

            Foi desenvolvida na aula de Sistemas de Formação, Trabalho e Justiça Social uma actividade de roll-play em que o grupo turma se dividiu em dois grupos, sendo que um defenderia o conceito de qualificação e outro o de competência. O debate em torno dos dois conceitos tinha como base a questão: “O que prevalece hoje como mais determinante no processo de inserção? A qualificação ou a competência?”, que serviu de questão central para o debate e, para lhe dar resposta, foram disponibilizados alguns textos (previamente lidos e analisados) que permitiram aos estudantes aprofundar a questão.

            No debate gerado o conceito de competência foi surgindo como algo inapto aos sujeitos e não adquirível por estes, ou seja, como se a competência para determinada tarefa fosse algo que já nascesse com o indivíduo e não algo passível de ser adquirido. Já as qualificações foram ligadas ao facto de se ter ou não um diploma/certificado. O grupo que defendeu o conceito de competência argumentava que nos dias de hoje o diploma não é o mais importante para conseguir um emprego, mas sim as competências dos indivíduos, pois na actual estrutura económica o mercado de trabalho opta por empregar indivíduos com menos qualificações literárias de forma a não ter de pagar salários mais elevados. Assim, as competências, isto é, a capacidade criativa e adaptativa do indivíduo a novas situações/tarefas surgem como deveras importantes para a entrada e permanência num emprego. Estas adquirem-se não através da aquisição de um diploma, mas do aprender fazendo, ou seja, retrata uma aprendizagem na lógica do saber-fazer.

            Uma questão pertinente que surgiu e para qual não se conseguiu obter uma resposta exequível foi: como é passível de se observar, de se medir as competências? Contudo, Costa diz-nos que a competência “(…) aparece de forma inseparável da acção e só pode ser apreciada, ou medida, numa situação dada, [uma vez que diz respeito] ao uso de técnicas definidas que, embora não tenham sido criadas pelo indivíduo, são por ele usadas e podem ser adaptadas às novas situações” (Costa, 2007: 132).

            Em jeito de síntese, no final do debate pôde-se constatar que, se antigamente as qualificações eram um garante profissional, agora estas não conseguem dar resposta às evoluções tecnológicas dos sistemas, surgindo, deste modo, o conceito de competência com um foro mais individual do que colectivo. No entanto, um conceito não impossibilita a existência do outro, sendo estas dimensões complementares uma da outra.

            Naquilo que concerne à inserção profissional esta é uma etapa complexa em muito devido às questões do emprego/desemprego. A inserção no mercado de trabalho retrata um processo socioprofissional - uma vez que a inserção profissional está directamente ligada à inserção social - do qual dependem vários factores, tais como: a necessidade de habitação e dependência, a assistência à saúde, o acesso à justiça e o tempo livre, ou seja, factores que não se circunscrevem, necessariamente, à relação formação/emprego, mas também à existência de um projecto pessoal e profissional.

            A qualificação é muito importante no mercado de trabalho, na medida em que é normalmente um dos requisitos principais dos empregadores, mas, tal como sabemos, os diplomas são, também eles, promotores de desigualdades sociais, um problema para o qual os sistemas de qualificação não conseguiram dar resposta. Porém, a grande abundância de diplomados a que se tem vindo a assistir faz com que, consequentemente, se assista a uma perda da legitimidade dos mesmos na aquisição de um emprego. A competência, ao contrário do que foi inferido ao longo do debate é algo que nunca está terminantemente adquirido, mas que se vai adquirindo ao longo da vida com o acto de fazer, isto é, aprender os saberes do trabalho em contexto laboral, o que possibilita uma interligação entre formação e trabalho.

            Possibilitando a combinação entre um conjunto de conhecimentos e também de características individuais como a criatividade ou a rápida capacidade de resposta perante uma determinada situação, o conceito de competência parece ter mais capacidades para responder com maior eficiência e determinismo às pretensões dos cargos ou situações de trabalho.

 

Referência Bibliográfica:
Costa, Luciano Rodrigues (2007) “A crise do fordismo e o embate entre qualificação e competência: conceitos que se excluem ou que se complementam?” in Revista de Ciências Sociais, nº. 26, pp. 127-142.

 

Tal como referimos em cima, uma das questões que surgiu no debate foi: como é possível de avaliar as competências. Assim, sugerimos a visualização de um vídeo que aborda em certa medida as questões da competência.

 

Nota: Este vídeo foi retirado do site youtube não sendo por isso da nossa autoria.