ACTIVIDADE 2 – Juventude: uma década

                  O conceito de juventude não é estanque nem estável, este é um conceito que pode ser percepcionado de formas distintas, assim como é passível de alterar-se ao longo do tempo e mediante o contexto em que se apresenta. O conceito de juventude na comunidade ocidental pode, por exemplo, ser diferente da noção de juventude perspectivada pela comunidade oriental. Para a sociedade o processo moratório em que o indivíduo abandona a escola e transita para o mundo laboral é simultâneo ao processo em que o jovem transita para a idade adulta. «Em termos estruturais, os jovens, nas sociedades modernas, parecem cada vez mais definir-se pelo “ofício de aluno” (Perrenoud, 1994 in Abrantes, 2003:27) e por um estatuto prolongado de semi-dependência perante as famílias de origem.» (Furlong e Cartmel, 1997 in Abrantes, 2003:27).

            Ao longo das décadas abordadas pelos vários grupos de trabalho o conceito de juventude vai sofrendo alterações assim como os seus comportamentos e hábitos, sendo que em determinadas épocas os jovens são o rosto da sociedade. Isto é, tendo em conta as décadas trabalhadas é passível de ser observado que a juventude tornou-se mais visível em determinadas décadas em detrimento de outras. As décadas de 60 e 70, por exemplo, até pelo contexto sociopolítico vigente são épocas em que o movimento da juventude é bastante activo e, a década de 2000 trás alterações bastante significativas aos quotidianos e mentalidades dos jovens. Um factor bastante referido por todos os grupos de trabalho foi os estilos musicais que marcaram cada época, demonstrando deste modo a importância da música no quotidiano dos jovens. Esta representa modos de ser, de estar, de viver e surge sobretudo como expressão da liberdade dos jovens.

            A partira da década de 50 a juventude tornou-se dominante com a sua cultura auto-consciente. O cinema lançou a moda rebelde e a música acentuava ainda mais essa rebeldia. As duas décadas seguintes, como já referimos, são épocas em que a juventude se destaca muito por culpa do contexto sócio-político vigente. Surge um movimento de contracultura caracteriza pela nova forma de pensar dos jovens que se contrariavam os estilos de vida adoptados até ao momento quebrando as regras existentes. Assim a rebeldia da década de 60 culmina em 1968 com o movimento estudantil que se expandiu e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo. Este movimento contestava a sociedade, os sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética. A década de 70 fica marcada em Portugal pela revolução dos cravos (25 de Abril de 1974), sendo que o envolvimento dos jovens no âmbito desta revolução é muito elevado e de extrema importância. Nesta década a juventude parece mais preocupada com a sua imagem corporal e assiste-se ao crescimento da masculinidade que na década de 80 se acentua ainda mais. Neste período surge ainda o uso indiscriminado por parte dos jovens da denominada “droga do amor” (ecstasy). A década de 80 representa o pós-revoluções e a juventude emerge sobretudo como difusora de estilos de vida centrados na música, no lazer e no consumo de produtos identificados com a cultura juvenil. É nesta década que emerge o mundo dos videojogos que vão marcar deveras o dia-a-dia dos jovens no futuro.

            A década de 2000 é uma reviravolta nas mentalidades dos jovens. Estes passam a ser mais consumistas, a ser mais influenciáveis e a ter ais liberdade e cada vez mais cedo, muito embora os espaços de socialização dos jovens se reconfigurem, muito por culpa da emergência das redes sócias. Além disso, julgamos que a juventude de hoje, muita embora comece a sair mais cedo, é muito mais protegida e muito mais recatada a espaços físicos fechados, nomeadamente, as casas, onde assim estão “debaixo da asa dos pais”. Deste modo, as ruas encontram-se cada vez mais sedentas de jovens e, de ver os jovens juntos a brincar nelas. Esta é uma altura em que os media são grandes fontes de influência a todos os níveis do dia-a-dia e, isto não se reporta somente aos jovens. Entre os meios de comunicação sociais a televisão é aquele que alcança um elevado número de pessoas das mais variadas faixas etárias. Esta década fica na nossa opinião marcada pela série juvenil “Morangos com Açucar”, acompanhada pela grande maioria das crianças e jovens portugueses e, que retrata o dia-a-dia dos jovens, abordando temáticas que até então eram consideradas tabus para a sociedade, tais como: anorexia, bulimia, gravidez na adolescência, drogas, sexualidade na adolescência, virgindade, violação, etc.

            Esta foi uma década que originou um aceso debate acerca da influência da comunicação social no percurso/vida da juventude, nomeadamente com a questão que o grupo responsável por esta década lançou: “A juventude de hoje está perdida?”. Neste sentido, o grupo considera que os jovens podem ser influenciados por coisas que visualizam na televisão, porém não é só isso que conta, uma vez que há toda uma educação e valores que lhes foram transmitidos e que são bastante persuasores. Consideramos que este tipo de “séries juvenis” podem ter influência por exemplo, nas questões da moda mas não é algo que vá determinar o percurso dos/as jovens de hoje em dia.

 

Referência Bibliográfica:
Abrantes, Pedro (2003) “Jovens e Estudantes: Discussões Teóricas” in Os Sentidos da Escola: Identidades Juvenis e Dinâmicas de Escolaridade. Lisboa:Celta. pp: 11-27.

Nota: Esta sub-página reporta-se ao resumo geral do que foi esta actividade, assim como à nossa reflexão sobre a mesma. Em outras sub-páginas é possível encontrar os resumos daquilo que considerámos ser mais importante de cada década no âmbito da juventude, tendo em conta também os trabalhos apresentados pelos restantes grupos nas aulas.