Década de 80

            A década de 80 é ainda marcada pela Guerra Fria, conflito de nível político, militar, social, económico e ideológico entre EUA e URSS. Um dos maiores marcos da década de 80 foi a queda do muro de Berlim que, levou ao fim da Guerra Fria, à reunificação da Alemanha e à dissolução dos regimes comunistas. Passou-se assim a viver na era de uma sociedade mais consumista. Outro acontecimento histórico da década foi o atentado ao Papa João Paulo II, o único Papa que conseguiu aproximar a juventude da igreja católica. Em Portugal, o grande marco da época foi a entrada do país para a CEE, actual UE.

            No âmbito da saúde e das doenças contagiosas, a propagação da AIDS ganhou grande impacto na década de 80. Primeiramente associada aos homossexuais, esta doença virou também preocupação para os heterossexuais quando um desportista famoso dos anos 80 anunciou ser portador do vírus. A década de 80 é marcada por ser a pós-ditadura e pós-revolução em que os jovens têm um papel fundamental, assim, é ainda uma época em que os indivíduos se estão a habituar à sua liberdade e, têm alguma dificuldade em lidar com a mesma, o que gera alguma instabilidade social. A juventude organiza-se em torno de movimentos culturais e apresenta-se socialmente como difusora de estilos de vida centrados na música, no lazer e no consumo de produtos identificados com a cultura juvenil.

            Machado Pais (1996), define a categoria da juventude abordando duas correntes: a corrente geracional e a classicista. A perspectiva geracional fundamenta-se no conceito de geração social, provindo assim da continuidade ou não do processo de transmissão de valores entre gerações. Para a perspectiva classicista a juventude é olhada como diversidade enquanto para a perspectiva geracional esta é vista como uma unidade. A vertente classicista considera a juventude como sendo um grupo constituído por jovens que provém de meios sociais diversos.

             No âmbito do ensino, a década de 80 talvez tenha ficado marcada pela aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) em 1986, sendo que este documento veio repensar os princípios e valores que orientavam as políticas educativas até então.

            Na década de 80 vários domínios marcaram os percursos da juventude, nomeadamente, a tecnologia, o mundo dos videojogos e a música. Relativamente à tecnologia e à diversão electrónica, dois acontecimentos importantes marcaram muito a juventude dos vindouros, o início da fabricação dos primeiros PC’s e, também, o surgimento dos videojogos monopolizados pela Sega e pela Nintendo, onde os jogos Super Mario Bros e Sonic fizeram grande sucesso. De facto, o surgimento dos computadores e das consolas de jogos influenciaram muito o estilo de vida da juventude futura, nomeadamente, na década de 2000, onde estes dois utensílios sofrem uma grande proliferação e fazem parte do quotidiano da juventude.

            Naquilo que concerne à música, área muito associada aos jovens ao longo das décadas, sobretudo, como expressão da sua liberdade e rebeldia, surgem muitas e novas influências musicais, como o rock gótico, o hard rock (ex Metallica), o heavy metal, a música electrónica, o hip hop, o rap e a música pop (ex Michael Jackson e Madonna). Ainda na música, esta década fica também marcada pela primeira edição do festival Rock in Rio em 1985, este ficou conhecido como a "Cidade do Rock". As suas infra-estruturas tiveram de responder às necessidades de quase 1,5 milhões de pessoas, ou seja, o equivalente a cinco Woodstocks. No cinema, filmes como: Lagoa Azul (1980), Indiana Jones (1981), Dirty Dancing (1987) ou Flashdance (1983) faziam sucesso. Esta década, foi a era dos videoclips que foi possível através do surgimento da MTV nos EUA, canal de grande sucesso entre a juventude e actualmente alastrado a muitos países.

            Na década de 80, assistiu-se ainda a um desvanecer da oposição aos papéis sexuais tradicionais da década de 60/70 para passar a denotar-se um acentuar da masculinidade, foi, também, nesta década que surgiu o conceito de género que tem a sua origem nos estudos feministas da década de 60.